Animais destinados para reprodução genética foram comercializados por cabanha gaúcha

Após viagem de mais de dois mil quilômetros, o desembarque de 20 vaquilhonas e dois touros Devon em uma propriedade de criação de gado de corte, localizada na Província de La Pampa, marca o retorno da raça de origem inglesa às planícies da Argentina. O gado partiu da Cabanha Timbaúba, de Pedras Altas, no Rio Grande do Sul, no início de julho, e a quarentena dos animais no país vizinho encerrou no dia 15 de agosto. Foram nove meses de negociações comerciais e cumprimento de exigências sanitárias e legais.

O processo chamou a atenção dos técnicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). “É bastante incomum a exportação de gado de corte com a finalidade de reprodução pelas nossas fronteiras”, afirma a Auditora Fiscal Federal, atualmente lotada no Vigiagro (Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional), Soraya Elias Marredo. “Não há qualquer registro pelo menos desde 2015, quando o sistema de dados foi implementado”.

Atuando na área há oito anos, a auditora lembra que é competência do MAPA a verificação do atendimento das exigências do país importador e a emissão do certificado zoosanitário internacional para a exportação de animais, sendo que as mais comuns têm outro perfil. “São as exportações de gado em pé, via marítima, para países árabes, por compradores que trabalham com engorda e abate”, complementa.

Os animais do lote exportado são todos mochos genéticos, com cerca de 2 anos e meio, e as fêmeas saíram prenhes do Brasil. “O plantel também passou por uma primeira quarentena aqui na estância, em uma área isolada e inspecionada pelos técnicos do MAPA”, relata Alfredo da Silva Tavares, proprietário da Timbaúba, uma das mais antigas do país na criação de Devon. O criatório atua com a raça há 117 anos, desde que foi fundado, em 1907 – um ano após o vizinho, Joaquim Francisco de Assis Brasil ter introduzido a raça Devon no Brasil, na Granja de Pedras Altas.

Conforme relata Alfredo Tavares, a negociação pode ter sido a primeira depois de um século. “No livro de registros da Argentina consta a entrada de um lote de Devon, em 1908. Hoje é um gado mais moderno, mocho, precoce e de alta conversão alimentar, nada parecido com o de antigamente.” E ressalta a forte capacidade de adaptação do Devon. “É uma raça que suporta adversidades climáticas e ambientais, conseguindo responder rapidamente em ganho de peso, aliados à sua docilidade e qualidade de carne, foram os motivos que levaram o retorno da raça ao país, um século depois”.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Devon e Bravon (ABCDB), Simone Bianchini, comemora a importância dessa exportação para o fomento da raça. “A Argentina é um dos cinco maiores produtores e exportadores mundiais de carne bovina, com reconhecimento internacional quando se fala em carne de qualidade, fornecendo para os mais valiosos mercados e maiores compradores. A partir de agora, o Devon passa a fazer parte desta potente produção”, reforça. 

CRÉDITO DA FOTO: Leonardo Tavares

Imprensa Devon e Bravon:

Simone Müller

(51) 99818.5834

devonimprensa@gmail.com